Uma cabeça sem corpo, envolta em chamas, voa pela noite. É uma cabeça de mulher. Seu rosto se contrai em um sorriso macabro e ela emite constantes gargalhadas sinistras. Seu voo é em um padrão errático, caótico e imprevisível.
Uma cumacanga é um ser amaldiçoado. Quando um sacerdote que tenha voto de castidade quebrar esse voto e constituí família, sua 7ª criança, se for mulher, estará amaldiçoada. A partir dos 13 anos, nas noites de sexta-feira (ou equivalente do cenário), a cabeça se solta do corpo e vaga pela noite, transfigurada em cumacanga. Ao primeiro raiar do dia, ela retorna ao corpo o mais rápido que puder.
Após a transformação, que é impossível de resistir, a cumacanga esquece completamente de quem é e fica tomada pelo desejo de criar caos e assustar os mortais. Costumam vagar por florestas e estradas, voando sem destino algum. Quando encontram alguém, avançam sobre a pessoa, mas não matam de imediato, pois sente prazer em assustar, perseguir e fazer com que seus alvos fujam, chorem e se desesperem. Seus alvos preferidos são crianças perdidas na mata.
Insanidade. Transformada, a cumacanga é um ser inteligente, mas é tomado pela loucura e o desejo de fazer mal. Ela é capaz de. pensamentos racionais para isso e não possui memórias de sua "vida mortal". Quando em forma humana, sua personalidade pode ser de qualquer tipo e muitas nem tem lembranças do que fizeram quando estavam transformadas.
Corpo. O corpo da cumacanga é seu ponto fraco. Se for apunhalada no coração, ela morrerá e ela tem consciência disso.
Natureza dupla. Quando não estiver transformada, a cumacanga perde todas as resistências e imunidades e leva uma vida normal. Embora ela não precise respirar, comer, beber ou dormir, ela sente a necessidade de fazê-lo sempre que estiver destransformada. É impossível distingui-la de um ser vivo, exceto com magia.
Maldição. A maldição se encerra apenas com as magias Restauração maior ou Desejo. Se isso for feito, a cumacanga volta a ser um humanoide de seu tipo de nascença.
Rosto irreconhecível. O rosto da cumacanga fica deformado e coberto de fogo durante a transformação, não podendo ser reconhecido.
Cumacanga
Morto vivo miúdo, caótico e mau
Classe de Armadura: 14
Pontos de vida: 24 (7d4+7)
Deslocamento: 0 m, voo 15m.
FOR DES CON INT SAB CAR
14 (+2) 17 (+3) 13 (+1) 10 (+0) 12 (+1) 14 (+2)
Resistências: Necrótico, gélido; Contundente, cortante e perfurante de ataques não-mágicos
Imunidade a danos: Ígneo, venenoso.
Imunidade a condições: Amedrontado, enfeitiçado, caído, envenenado, exausto.
Sentidos: Visão no escuro 36 m, percepção passiva 11
Idiomas: Compreende idiomas que falava durante o dia, mas não pode falar.
Desafio: 2 (450 XP)
Assustar. A cumacanga pode usar uma ação bônus para infligir terror a uma criatura a até 9 metros dela através de sua gargalhada. O alvo faz uma salvaguarda de sabedoria (CD 12) e, se falhar, ficará amedrontado até o final de seu próximo turno.
Corpo Ardente. Uma criatura que toque a cumacanga ou a atinja com um ataque corpo a corpo a até 1,5 metro sofre 4 (1d8) de dano de fogo.
Iluminação. A cumacanga emite luz plena num raio de 3 metros e penumbra por mais 3 metros.
Ações:
Mordida. Arma de Combate Corpo a Corpo: +4 para acertar, alcance 1,5 m, um alvo. Dano: 5 (ld6 + 2) pontos de dano perfurante mais 4 (1d8) de dano ígneo.
Fontes de pesquisa:
ALVES, Januária. Abecedário de Personagens do Folclore Brasileiro. 1ª Edição. São Paulo: FTD: SESC Edições, 2017.
CASCUDO, Câmara. Geografia dos Mitos. 1ª ed. São Paulo: Global editora. 2012.
CUSTODIO, POLYANA C. O FASCÍNIO PELO MEDO: ELEMENTOS QUE INSTIGAM. Rio Claro: UNESP. 2015.
ESTEVES, Marcele. PAULO CÉSAR PINHEIRO: A POÉTICA DAS IDENTIDADES. Dissertação de Mestrado. São João del Rey: UFSJ. 2008.
HARRIS, Mark O lobisomem entre índios e brancos: o trabalho da imaginação no Grão-Pará no final do século XVIII. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, nº 47. São Paulo: USP. Setembro de 2008.
SOUZA, Cassius André. Monstruário: O Livro dos Monstros Sensíveis. Dissertação de mestrado. Pelotas: UFPEL. 2015.
Narrativas orais, recolhidas pelo Grimório Tropical, com famílias do sul do Maranhão.