"Ela é iletrada, mas inteligente. Sua compreensão é rápida e sua percepção aguda. Penso que, com educação, ela poderia ser uma pessoa notável. Não é particularmente masculina na aparência; seus modos são delicados e alegres."
Maria Graham, historiadora britânica que a conheceu pessoalmente.
Pouco se sabe de sua infância. Sua mãe faleceu cedo, seu pai se casou novamente e sabe-se que sua madrasta não apoiava seu comportamento rebelde.
Na idade adulta, já sabia atirar e montar melhor que a maioria dos homens. Em 1822, com as guerras da independência, Maria Quitéria desejava lutar por seu país, mas seu pai a proibiu. "Mulheres pintam, tecem e bordam. Não fazem guerra", disse ele. Então, com a ajuda da irmã, Maria Quitéria se disfarçou com as roupas de seu cunhado e fugiu de casa para ingressar no exército usando o nome dele, José Medeiros.
Seu pai foi procurá-la dias depois e acabou por encontrar. Quando sua identidade foi descoberta, seus superiores ameaçaram expulsá-la, mas os homens de seu batalhão, o Batalhão dos Periquitos, fizeram protestos aos gritos e não deixaram que ela saísse, pois a consideravam uma guerreira valorosa. Dali em diante, Quitéria escolheu e recebeu autorização para adaptar sua farda, somando a ela uma saia, quase no estilo dos uniformes escoceses.
Ao fim da guerra, foi condecorada por D. Pedro I com a mais alta medalha da época, a Ordem do Cruzeiro, sendo considerada uma heroína da pátria até os dias de hoje.
O que sabemos da personagem
Maria Quitéria era filha de fazendeiros, de descendência portuguesa e cabocla.
Tinha uma destreza incrível em combate e um espírito forte e patriótico. Ela é relatada como uma pessoa humilde, decidida, bastante alegre, mas que falava pouco e era difícil de ser intimidada.
Era uma mulher católica e acredita-se que foi motivada a lutar depois do exemplo da freira Joana Angélica, morta por soldados portugueses.
Quitéria sempre alegou lutar tão bem quanto qualquer homem e fugiu de casa com a ajuda da irmã para juntar-se aos Voluntários do Príncipe. A irmã disse que, se não fosse pelos filhos e o marido, as duas teriam ido juntas.
Após a guerra, Maria casou-se e teve uma filha, vivendo de sua pensão militar em uma fazenda na Bahia.
Apesar da habilidade em luta, é descrita como sendo muito magra ou quase raquítica.
Entre seus feitos mais notáveis está a Batalha de Itapuã, onde Maria Quitéria invadiu sozinha uma trincheira inimiga, abrindo espaço até que os soldados brasileiros pudessem entrar e depois capturando vivos dois soldados portugueses e os conduzindo sozinha até o acampamento brasileiro.
Abordagens para RPG
- Leve em consideração os preconceitos da época. Em tempo onde guerras eram ditas "coisas de homem", uma mulher conquistou o respeito de tantos soldados, sem amantes ou "padrinhos" no poder.
- Dizem que ela lutava melhor do que a média dos soldados. Teria ela alguma habilidade sobrenatural que a fazia tão extraordinária ou seria somente treinamento e talento natural? Seria ela uma escolhida por alguma entidade ou uma "paladina da independência"?
- De onde vinha o seu desejo por servir ao seu país e proteger seus compatriotas? Diferente de Mulan, da lenda chinesa, ela não entrou para substituir alguém que amava, mas por vontade própria.
- Maria Quitéria ficou totalmente cega alguns anos após a guerra e não há registros do motivo. Não se sabe quase nada sobre sua velhice e sabe-se muito pouco sobre sua infância.
- Tenha em mente que apresentamos um resumo simplificado. Se você quiser saber mais, consulte as fontes históricas.
Informações Técnicas:
Nome completo: Maria Quitéria de Jesus
Nascimento: 27 de julho de 1792*, Feira de Santana - Bahia.
Falecimento: 21 de agosto de 1853, Salvador - Bahia.
Causa da morte: Desconhecida.
Patentes: Soldado, promovida a 1º cadete, mas aposentada com o soldo (salário) de alferes.
Cônjuge: Gabriel Pereira
Filhos: Luísa Maria
Personagens relacionados: D. Pedro I, General Pierre Labatut, Joana Angélica
*A data é discutida em meio a documentos contraditórios, havendo a possibilidade de ela ter nascido em 1797.
Imagem: Retrato de Maria Quitéria, por Domenico Failutti (1920). Acervo do Museu Paulista.
Fontes de pesquisa:
GRAHAM, Maria. Diário de uma viagem ao Brasi. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1956
FAILLUTI, Domenico. Maria Quitéria. ANAIS DO MUSEU PAULISTA, Tomo XXIX, Universidade de São Paulo, SP, 1979
TEIXEIRA, Ricardo Vitória. O PIONEIRISMO DE MARIA QUITÉRIA E A PARTICIPAÇÃO DA MULHER NO EXÉRCITO BRASILEIRO. Resende, AMAN, 2011. Monografia.
REZZUTTI, Paulo. Mulheres do Brasil: a história não contad. Rio de Janeiro: LeYa, 2018
<https://super.abril.com.br/.../mulheres-que-mudaram-a.../> Acessado em 18 de setembro de 2020.
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